quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

segundos antes do autodeletamento..........

Tudo é contexto, e agora, neste momento, sou
incompententissimamentementeincompentente

terça-feira, 19 de agosto de 2008

AQUECIMENTO

Agora me morde a boca a safada. Me morde com força. Sangro. Deixo. Gosto assim. Me lambe o sangue do beiço com apetite de bicho que desimberna. Respondo com a mão direita calcinha a dentro. Encontro outros lábios famintos. Engolem salivando meus dedos. 180 graus. Viramos na cama velha que range escandalosamente (não a trocamos justamente por isto). Somamos um número: 69. Agora sou boca, língua e dedos: me lambuzo e te bebo enfiado em meio as tuas pernas. Agora você é boca, língua e dedos: me lambe e me engole enfiada em meio as minhas pernas. E Assim começamos....

sábado, 16 de agosto de 2008

CELEBRAÇÃO

Invento liturgias imolando a mim mesmo no sacrilégio do meio das tuas coxas.

DESEMBARQUE I

Extraio do tempo a delgada fibra do instante. Fios de luz que prendo com pontos de agulha a minha própria pele.

DESEMBARQUE II

Rasgo os dias que visto enquanto espero pelado no sagão outros tantos que,
a todo instante,
chegam para me cobrir...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

EPIFANIA

Curvado. Mãos suadas. Distribui as hostias: "corpo de Cristo". Voz anasalada. Dicção de padre. Nunca entendi por que celebram as missas assim. Talvez exista uma epístola sobre o tema. Uma bula papal. Seria Pedro um apóstolo fanho? Questões fonológicas transformadas em procedimentos litúrgicos. Aqui, porém, o verbo se faz anasalado graças a um cheiro. O padre respira pela boca. Evita o odor que desde o começo da missa o perturba, entra pelo nariz e desce até seus testículos. Tenta disfarçar dizendo aos fiéis sentir fortes dores na coluna e, todo torto, entrega as hóstias enquanto por baixo da batina seu pau vibra vigoroso, duro como pedra, quase lhe rasgando as vestes.

Olha a fila da comunhão. Logo atrás de Dona Apolónia, a mais carola das velhas carolas frequentadoras daquela paróquia, o cheiro corporificado. Blusa vermelha, saia preta, cabelos escuros cacheados presos por um discreto rabo de cavalo, pele morena sem maquiagem, sem perfume, ou seja: o cheiro por natureza inseparavelmente ligado aquele corpo.
Quando Dona Apolonia recebeu a comunhão as mãos do padre suavam tanto que a velha pôde sentir a hóstia salgar-lhe a boca.
E agora diante de si o cheiro. A piroca estalando enérgica. O corpo se contorcendo, mãos molhadas e tremulas. Ergue a rodela de pão ázimo: "corpo de Cristo." - "Amém" responde o cheiro abrindo a boca e oferecendo a língua para a consagração. Os dedos do padre encostam neste órgão carnudo, alongado, móvel que leve e discretamente os lambe. Epifania. A porra jorrando. Pernas bambas. O homem cai de joelhos. O esperma mancha a batina. Gozo intenso, o coração não aguenta e infarta. Os fiéis assustados fogem correndo da igreja...
O cheiro fica. Observa o corpo caído ao lado do altar mor. Ajoelha, passa a mão esquerda sobre a porra ainda quente que mancha a batina e com a língua sente a hóstia se derreter devagar agarrada ao céu da boca.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

BACO

Sobre as Termópilas Baco arremessa sua taça. Diverte-se ao vê-la batendo nas rochas. Aplaude e grita quando o mar a engole. Baco parou de beber: descobriu que gostoso mesmo é lamber o corpo das ninfas banhadas no vinho.